Logo

Sua saúde

5 minutos de leitura

Transplante de coração: como funciona e quem pode receber?

O transplante de coração é um procedimento cirúrgico que substitui o órgão doente de um paciente por um outro, saudável, vindo de um doador.
VS
Dr. Vitor Salvatori Barzilai - Coordenador da uti cardio-intensiva do hospital brasília Atualizado em 28/09/2023

O transplante de coração é uma opção de tratamento para pacientes com insuficiência cardíaca em que o tratamento medicamentoso convencional deixa de ser efetivo ou temos dificuldade de instituí-lo, como ocorreu recentemente com o apresentador Fausto Silva, que recebeu um novo coração após o diagnóstico de insuficiência cardíaca.  

Continue a leitura para entender mais sobre como funciona esse tratamento. 

Como funciona o transplante de coração

O transplante de coração é uma cirurgia complexa que envolve a substituição do coração doente de um paciente por um coração saudável de um doador compatível.  

O procedimento é frequentemente considerado a última esperança para pacientes com insuficiência cardíaca grave ou outras doenças cardíacas que não podem ser tratadas de outra forma. 

O transplante de coração é realizado em duas etapas: 

  1. Retirada do órgão doador: após o aceite de doação dos familiares, o paciente que recebeu o diagnóstico de morte encefálica vira doador. Seu suporte de vida é mantido para manutenção da viabilidade dos órgãos até a programação da retirada deles.  

  2. Cirurgia: a cirurgia de transplante de coração é realizada sob anestesia geral e dura cerca de 6 horas. É quando o coração do doador é conectado ao corpo do receptor. 

Quando o transplante de coração é necessário?

O transplante de coração é considerado necessário quando o paciente apresenta sintomas clínicos indicando que o coração não está mais em condições de cumprir sua função mesmo com o uso de medicamentos e outros recursos médicos -- um quadro chamado de insuficiência cardíaca grave ou avançada. 

Como funciona a preparação para a cirurgia?

Antes da cirurgia, os pacientes passam por uma rigorosa avaliação multidisciplinar para determinar se têm condições -- físicas e psicológicas -- de se tornarem candidatos ao transplante.  

Além disso, é avaliado o risco de rejeição ao órgão transplantado a partir de exames do sistema imunológico. Também busca-se observar no laboratório o risco de infecções que podem acontecer após o início do uso dos remédios imunossupressores (que servem para evitar a rejeição do órgão transplantado).  

Por vezes, o candidato precisa ser temporariamente suspenso da fila de transplante para reestabelecer a saúde dos outros órgãos frente ao coração doente. Este tratamento ocorre por meio da utilização de sistemas de suporte circulatório. Existem algumas modalidades desse sistema que são comumente conhecidos como corações artificiais, que permitem ao paciente sair do risco iminente de morte e o reabilitam para que o transplante ocorra em segurança. 

Como é feita a cirurgia?

A cirurgia de transplante de coração é um procedimento complexo que pode durar várias horas. 

Durante a cirurgia, o coração do paciente é parado e conectado a uma máquina de circulação extracorpórea, que assume temporariamente a função de bombeamento do sangue e tenta manter uma frequência cardíaca próxima da normal.  

O coração do doador é então implantado e os vasos sanguíneos são cuidadosamente conectados.  

Após a conclusão da cirurgia, o coração é “reiniciado”, ou seja, a máquina de circulação extracorpórea é desligada e o coração deve começar a bater normalmente.  

Como é a recuperação após o transplante de coração?

A recuperação após o transplante de coração varia de paciente para paciente. Geralmente, é necessário permanecer entre uma e duas semanas no hospital para que os médicos possam acompanhar a evolução do quadro de saúde de perto.  

Após a recuperação inicial, é importante lembrar que os pacientes que passaram pelo transplante devem tomar medicamentos imunossupressores pelo resto da vida para evitar que o corpo rejeite o novo órgão.  

Para checar se o novo coração está sendo aceito pelo corpo, os médicos realizam avaliações periódicas, incluindo aí a realização de biópsias no coração durante o primeiro ano após o transplante.  

Além disso, como a medicação reduz a resposta imunológica do corpo, há uma preocupação com o risco de infecções secundárias e a reativação de alguns vírus que temos no corpo (como o citomegalovirus, por exemplo). Por isso, há também exames de rastreio para avaliar essa condição.  

Por fim, é importante que o indivíduo transplantado adote um estilo de vida saudável para garantir o sucesso a longo prazo do procedimento. 

Critérios para seleção do receptor do órgão

Os critérios para seleção do receptor do órgão incluem: 

  • Compatibilidade: o coração do doador deve ser compatível com o tipo sanguíneo (determinado pelo sistema ABO) do receptor; 

  • Peso e altura: doador e receptor precisam ter características parecidas para que o desempenho do “novo” coração seja considerado bom após o transplante; 

  • Estado de saúde: pessoas com doenças mais graves e com maior risco de morrer são priorizadas e vão para o início da fila, de acordo com a seriedade do problema. É o que ocorreu com Faustão, que ficou em segundo lugar após constatado a gravidade do seu caso; 

  • Imunidade: é preciso realizar um exame chamado de painel imunológico para estabelecer o risco de os anticorpos do receptor atacarem o novo coração e rejeitarem o órgão. Quanto maior o risco, menos a compatibilidade com o órgão. 

Como ser doador de órgãos

No Brasil, a doação de órgãos só pode ser autorizada pela família do doador. Por isso, mesmo que uma pessoa tenha dito em vida que gostaria de ter seus órgãos doados, a retirada só ocorre se e quando a família autorizar.  

Por isso, a melhor forma de garantir que a vontade do doador seja respeitada é fazer com que a família saiba e aceite o desejo dele em doar seus órgãos, caso a morte seja constatada.  

Vale dizer que não é preciso registrar a intenção em cartório nem informar o desejo de ser doador em qualquer tipo de documento legal, já que a decisão da família no momento da morte é a única levada em consideração para a decisão ou não de retirar os órgãos.  

Dicas para cuidar da saúde do coração

A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida com a mudança de hábitos de vida. Confira a seguir algumas medidas que fazem diferença: 

  • Pratique atividade física e mantenha-se ativo; 
  • Alimente-se de forma equilibrada, sempre privilegiando alimentos naturais e frescos, reduzindo o consumo de alimentos ultraprocessados; 
  • Mantenha-se dentro do peso ideal; 
  • Realize gerenciamento do estresse e tenha boas noites de sono; 
  • Conheça seu histórico familiar e faça acompanhamento médico regularmente; 
  • Realize um check-up com frequência para conhecer seu estado geral de saúde; 
  • Utilize os medicamentos recomendados pelo especialista, se necessário, de forma disciplinada.
Escrito por
VS

Dr. Vitor Salvatori Barzilai

Coordenador da uti cardio-intensiva do hospital brasília
Escrito por
VS

Dr. Vitor Salvatori Barzilai

Coordenador da uti cardio-intensiva do hospital brasília