Receber o diagnóstico de dislexia ou de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) pode representar um desafio inesperado, tanto para o paciente quanto para a família, especialmente em se tratando de uma criança. Os dois quadros não têm causas totalmente compreendidas pela comunidade médica e, na falta de tratamento adequado, podem causar alterações prejudiciais no desenvolvimento do paciente.
Em referência ao Dia Nacional de Atenção à Dislexia (16 de novembro), explicamos como identificar essa condição de origem neurobiológica e mostramos as diferenças entre a dislexia e outro transtorno similar, o TDAH.
Esses dois assuntos são interligados porque, de acordo com o portal médico internacional WebMD, 3 em cada 10 pessoas com dislexia também têm TDAH, e pacientes com TDAH têm seis vezes mais probabilidade de desenvolver uma doença mental ou um distúrbio de aprendizagem, como a dislexia, do que a maioria das pessoas.
Sintomas da dislexia infantil
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Problemas para aprender os sons das letras para leitura (decodificação) e ortografia (codificação).
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Atraso no desenvolvimento inicial da linguagem.
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·A leitura costuma ser devagar, sem fluência, sem precisão e com muitos erros.
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Aprendizagem lenta de novas palavras do vocabulário.
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Ansiedade ou frustração durante a leitura.
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Dificuldade para soletrar.
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Dificuldade para identificar qual é o lado direito e qual é o esquerdo.
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Dificuldade para relembrar as sequências de fatos ou histórias.
Sintomas de déficit de atenção com hiperatividade infantil
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·Dificuldade para ficar parado ou sentado e manter o foco por muito tempo.
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Movimento constante e de forma excessiva.
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Problemas para realizar atividades silenciosas.
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Fala constantemente, por vezes junto com outras pessoas.
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Distrai-se facilmente.
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Dificuldade para esperar sua vez.
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Interrompe conversas, jogos ou atividades alheias.
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Parece não ouvir, mesmo quando algo é falado diretamente para a criança.
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Por vezes, não consegue finalizar os trabalhos escolares.
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Não gosta de tarefas que exijam esforço mental concentrado (ex.: dever de casa).
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Não se lembra de fazer as atividades diárias.
Diferenças entre os dois quadros
Diante dos sintomas descritos anteriormente, fica claro que o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e a dislexia são condições distintas. Enquanto o paciente que lida com o primeiro transtorno geralmente consegue reconhecer e compreender falas, músicas, sons, frases e afins com tranquilidade, aqueles que lidam com o segundo caso demonstram dificuldade. Além disso, problema de memorização ocorre em ambos os casos, mas de formas diferentes. No TDAH, a criança pode não conseguir memorizar acontecimentos espaciais, isto é, não verbais; já na dislexia, o obstáculo envolve atividades verbais (letras, palavras e números) e está também relacionado com dificuldade de leitura. Esses dois detalhes permeiam todas as demais diferenças entre ambos os quadros, nas esferas social e acadêmica.
O importante papel da família, nesses casos, é ficar atenta aos sinais característicos desses distúrbios, que aparecem ainda na infância. Diante da identificação e de uma avaliação médica precoce, os tratamentos propostos terão maiores chances de sucesso. Porém, o Dr. Acilino Santos Portela, neuropediatra e parecerista da Rede Ímpar, em Brasília, para assuntos dessa área, deixa um recado importante às famílias: “O diagnóstico de TDAH, dislexia ou qualquer outro transtorno do neurodesenvolvimento não implica exatamente no tratamento medicamentoso. Antes de prescrever remédios, o médico e a família devem avaliar os prós e os contras de usar certas substâncias. Na maioria dos casos, o trabalho de uma boa equipe multidisciplinar (psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos) é suficiente para tratar a criança. O medicamento é uma possibilidade, mas não necessariamente a única estratégia para lidar com a situação".