A diabetes infantil vem se tornando, cada vez mais, um problema de saúde pública. Isso porque, até alguns anos atrás, a diabetes tipo 1 era mais comum durante a infância e a adolescência, desencadeada por alterações genéticas e de imunidade, enquanto o tipo 2 era predominante em adultos, como resultado de escolhas pouco saudáveis ao longo da vida. Hoje, no entanto, temos percebido uma verdadeira epidemia de obesidade infantil – cerca de 75 milhões de crianças ao redor do mundo sofrerão com excesso de peso até o ano de 2025, segundo previsões da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dessa forma, o número de pacientes diabéticos que enfrentam essa doença perigosa ainda na fase infantojuvenil tem apresentado um crescimento significativo, e toda informação sobre o assunto pode – e deve – ser utilizada pelos papais e mamães dos pequenos como meio de prevenção e cuidado.
O que causa diabetes em crianças?
Existem dois tipos principais de diabetes e suas causas são bastante distintas entre si.
A diabetes tipo 1 possui circunstâncias ainda desconhecidas pela comunidade médica, embora todas as pesquisas indiquem que essa condição ocorre em resposta a uma mutação dos genes, que faz com que o sistema imunológico do paciente tenha uma reação autoimune, atacando e destruindo as células produtoras de insulina – hormônio responsável por ajudar a glicose (açúcar) a entrar nas células do corpo para ser utilizada como fonte de energia. A diabetes tipo 1 não tem cura nem prevenção, pois não há uma maneira real de saber previamente quem vai contraí-la, uma vez que não depende de comportamentos específicos da criança ou de seus pais. Porém, essa doença costuma se manifestar naqueles que já têm um histórico de diabetes tipo 1 na família.
Em contrapartida, a ocorrência de diabetes tipo 2 está completamente ligada às escolhas diárias e ao estilo de vida da criança. O consumo de alimentos açucarados – como sucos de caixinha, refrigerantes, bolos, doces e balas – e gordurosos – como frituras, salgadinhos, bacon, comidas congeladas e macarrão instantâneo – faz com que o sangue fique com níveis exagerados de glicose, de forma que o corpo não consegue segregar a quantidade adequada de insulina para coincidir com suas necessidades. As chances de desenvolver diabetes tipo 2 são maiores para as crianças que estão acima do peso e são sedentárias. Por isso, incentive seu filho a priorizar alimentos saudáveis, praticar atividades físicas e manter um peso corporal adequado. Se a dieta e os exercícios não forem suficientes para controlar a doença, pode ser necessário entrar com medicação.
Sintomas de diabetes infantil
É importante que pais, mães ou responsáveis estejam atentos a situações que podem ser sinais de que a criança ou o adolescente está com diabetes. Saiba quais são os principais sintomas da diabetes infantil, que costumam ser comuns aos dois tipos existentes:
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sede aumentada;
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micção frequente – um comportamento característico é o fato de, mesmo as crianças já devidamente treinadas para ir ao banheiro, fazerem xixi na cama;
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fome extrema;
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perda de peso não intencional;
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fadiga ou sensação de cansaço ao longo do dia;
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irritabilidade ou mudanças de humor;
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visão embaçada;
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hálito cetônico mesmo após a escovação, isto é, com cheiro semelhante ao de fruta envelhecida ou de acetona.
“Vale ressaltar que, em casos muito agudos, podem ocorrer também náuseas, vômitos e turvação visual", alerta a Dra. Jamily Drago, endocrinologista do Hospital Brasília Unidade Águas Claras. Ela informa ainda que crianças muito pequenas podem apresentar dor abdominal por conta do quadro de diabetes.
Diagnóstico de diabetes infantil
O diagnóstico da diabetes é feito com base na testagem de amostras de sangue para verificar a glicose. Se o resultado do exame constatar que os níveis de açúcar no sangue estão elevados, demostrando que a criança tem diabetes, geralmente, são feitos outros exames complementares, para ajudar a descobrir se a doença em questão é do tipo 1 ou do tipo 2.
Atualmente, há várias ferramentas de investigação diagnóstica disponíveis no mercado. Parceiro do Hospital Brasília Unidade Águas Claras, o Laboratório Exame oferece as mais modernas análises clínicas, que auxiliam no fechamento do diagnóstico. Exemplo disso são os exames Homa IR, hemoglobina glicada, insulina (é necessário jejum de oito horas, mas não precisa de agendamento prévio no laboratório), curva glicêmica e curva clicoinsulinêmica (necessário estar em jejum de oito horas e agendar previamente).
Porém, vale ressaltar que tudo parte de uma avaliação clínica com o endocrinologista. É esse profissional que vai definir qual a conduta adequada para cada paciente. Mas fica o alerta da Dra. Jamily: “Crianças com muitos casos de diabetes na família devem passar pelos exames anualmente a partir dos 5 anos.".
Como pai, mãe ou responsável, um cuidado fundamental que você precisa ter é a realização de um monitoramento regular dos níveis de glicose no sangue de seu filho.
Qual a alimentação recomendada para crianças com diabetes?
As recomendações para pacientes diabéticos são basicamente as mesmas para quem quer prevenir a doença. Confira:
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Não fique muitas horas sem comer (esse comportamento pode gerar hipoglicemia, isto é, níveis muito baixos de glicose no sangue).
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Priorize os alimentos integrais e ricos em fibras em lugar dos preparados com farinha branca (exemplo: pães integrais, arroz integral, macarrão integral).
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Evite consumir açúcar em si, alimentos industrializados e ultraprocessados.
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Reduza o consumo de sal e gorduras no dia a dia.
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Beba bastante água para contribuir com a hidratação do corpo.
Tratamento da diabetes infantil
É importante lembrar que, caso a criança já tenha um diagnóstico fechado de diabetes, é necessário que, além de priorizar os hábitos citados acima, ela deve seguir também as recomendações específicas do endocrinologista que a acompanha. O manejo e o tratamento podem variar de acordo com o tipo da doença (diabetes tipo 1 ou tipo 2).
Apesar disso, uma vez que ambos são desencadeados pela hiperglicemia, essas crianças vão depender de injeções diárias de insulina ou de outros remédios para controlar os níveis de glicose no sangue. Um tratamento adequado pode interromper ou controlar os sintomas da diabetes e reduzir o risco de problemas de longo prazo.
Mesmo exigindo cuidados especiais, é perfeitamente possível que uma criança com diabetes tenha uma vida normal. O importante é que os pais cumpram as recomendações dos especialistas que acompanham a criança. Portanto, fique atento às possíveis alterações na saúde de seu filho. Assim, você pode oferecer um tratamento precoce e evitar complicações no futuro.